Mas quais seriam os motivos?
Realmente já tivemos esta
autossuficiência petrolífera?
Pra entender o que está acontecendo, vamos ‘produzir’ bem
antes do boom do pré-sal.
Peso Leve x Peso
Pesado
Existem basicamente dois tipos de petróleo: os chamados leves, que produzem maior volume de gasolina, óleo diesel, GLP e nafta, e os pesados, mais densos, bons para fazer asfalto e combustível de máquinas.
No Brasil, o processamento do petróleo pesado requer uma capacidade maior das unidades de refino para que sejam convertidos em combustíveis nobres.
Já a produção de petróleo leve, começou em Urucu. O petróleo da Amazônia é de alta qualidade, sendo o mais leve entre os processados nas refinarias do país.
O petróleo descoberto no pré-sal também tem uma grande fração de óleo leve.
Mais fácil de ser processado do que o óleo pesado, o petróleo leve torna-se vantajoso na relação custo x benefício.
O governo construiu as refinarias antes que nossas grandes reservas de óleo pesado começassem a ser exploradas, nos anos 90. Por isso, a maior parte das nossas refinarias é configurada para processar óleo leve.
Contudo, cerca de 70% da nossa produção é de petróleo pesado e a estrutura de refino não é totalmente adequada para o processamento desse tipo de óleo, sendo necessário importar petróleo leve, para aumentar a produção de derivados leves e médios, como gás de cozinha, gasolina, nafta e óleo diesel.
Compra caro e vende barato
Exportamos o excedente do nosso petróleo pesado, mas a receita de entrada ainda não é suficiente para cobrir o que gastamos importando petróleo. Isso porque o óleo leve é mais caro, por render derivados nobres e ser mais fácil de refinar.
A depreciação da moeda Real em relação ao Dólar também contribui para manter o preço de venda do nosso barril abaixo da média do mercado internacional.
Vale lembrar que o barril é vendido em Real e comprado em Dólar.
Tamanho não é documento
O tamanho das moléculas é o que diferencia um petróleo leve e um pesado. Os mais leves são feitos de cadeias de carbono pequenas, com cerca de 10 átomos. Por isso, eles são bons para extrair gasolina, já que a mesma é formada por cadeias de 7 a 9 átomos de carbono. Já os pesados tem moléculas enormes, com mais de 70 átomos.
O Instituto Americano do Petróleo utiliza a escala chamada de grau API para indicar a densidade do óleo. Quanto mais leve for o petróleo, mais graus API ele tem.
Os pesados oscilam entre 10-22 °API, os intermediários tem até 30 °API e os mais nobres chegam a 50 °API.
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Após este ‘processamento primário’ podemos entender e
responder as perguntas do início do post.
Em 2006, a Petrobras produzia pouco menos de 1,8 milhões de
barris por dia (bpd) de petróleo e o consumo de derivados também era nessa
faixa. Então, naquele quadro da economia do Brasil, a quantidade consumida era
igual à quantidade produzida, o que conferiu ao país, o título de autossuficiente
volumétrica do petróleo.
Ao longo destes 7 anos, graças as políticas de inclusão social e ao crescimento da economia brasileira, aumentaram sensivelmente o número de consumidores. Casas onde havia apenas um automóvel passaram a ter no mínimo dois e os
agricultores aumentaram as suas áreas agricultáveis, passando a consumir mais
diesel.
Isso tudo colaborou no aumento expressivo pela demanda de gasolina e
outros derivados do petróleo.
Até agora esta demanda cresceu 4,9%, enquanto a produção de
petróleo ficou em 3,8%, o que gerou uma defasagem.
A perda da
autossuficiência
Com isso, o Brasil perde temporariamente a autossuficiência
na produção do petróleo, mesmo com a exploração dos campos do pré-sal, que abriu
novas perspectivas de riqueza para o país.
Com o aumento do consumo de petróleo, a Petrobras teve que
importar mais óleo leve para misturar ao nosso óleo pesado produzido. Porém o
governo tem uma política de não repassar as variações do barril de petróleo do
mercado internacional para o preço da gasolina, por isso a estatal acaba
vendendo petróleo às distribuidoras por um preço defasado, o que influencia na redução de
caixa da empresa.
Isto ajuda a explicar os quatro aumentos do diesel, 21,9%,
mais 14,9% em dois reajustes na gasolina na refinaria, no primeiro trimestre de
2013.
O gráfico abaixo mostrado no plano de negócios 2013-2017 mostra
uma depreciação de 19% contra 8% da oscilação do preço do petróleo por barril
no mercado internacional.
Relação entre os preços do petróleo no Brasil e no mercado internacional.
Novos Horizontes e
Nova Autossuficiência
A previsão é que em 2014, a Petrobras junto com seus parceiros volte a produzir um volume de óleo igual ao de derivados. Em 2018 vamos parar de importar diesel.
Até 2020, mais 15 plataformas, além das de 2013 e 2014, vão entrar em operação e teremos capacidade de refino de 3,6 milhões de barris de petróleo por dia, com produção de 4,2 milhões.
Aí exportaremos petróleo....
Vídeos da entrevista com a Presidente Graça Foster:
Fonte: Zero Hora ,
Canal Livre, Petrobras, Super Interessante.
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