segunda-feira, 3 de junho de 2013

Entendendo a Produção e os Desafios do Etanol 2° Geração

O Brasil é reconhecido mundialmente pelo pioneirismo do desenvolvimento do biocombustível  produzido através da cana-de-açúcar: O etanol.
O projeto Proálcool criado na década de 70 impulsionou as pesquisas e inovações tecnológicas, tornando o etanol uma fonte importante de energia para o país.

Mas o que é o Etanol?
Técnicamente chamado de Álcool Etilicocombustível, é produzido através da fermentação de amido e de outros açúcares, como o milho, trigo, beterraba e em especial a cana-de-açúcar.
Altamente inflamável e incolor, o etanol é muito utilizado em automóveis.
Seu principal atrativo é ser uma fonte de energia natural, limpa, sustentável e renovável.
Renovável pois sua matéria-prima é obtida através do plantio de culturas pelo homem.
Comparado com a gasolina, o uso do etanol reduz em cerca de 90% a emissão dos gases do efeito estufa, principais responsáveis pelo aquecimento global.

Como a Cana vira Combustível?
Atualmente, as usinas de cana produzem etanol a partir da fermentação da sacarose, presente no caldo da cana. As leveduras são responsáveis pela transformação do açúcar em etanol. Este processo é o que caracteriza o Etanol  1° Geração.
Uma curiosidade, é que estas leveduras usadas no processo de fabricação do biocombustível é a mesma utilizada pela indústria de panificação e de bebidas alcoólicas.
Após o processamento, o etanol pode ser utilizado puro ou misturado com a gasolina, como combustível.
No Brasil, existe o etanol hidratado, com 5% de água - abastece os automóveis flex, e o etanol anidro, usado como aditivo em combustíveis, sendo composto por 99,5% de etanol puro e 0,5% de água.


Do Meio Ambiente Vem a Energia

Como já descrito acima, o etanol é um biocombustível feito com a utilização de matéria vegetal, o que dispensa totalmente o uso do petróleo, eliminando assim, o lançamento de alguns poluentes, como o benzeno, que são prejudiciais a saúde e ao meio ambiente.
Uma vantagem de utilizar a cana, comparada com outras culturas, é que seu plantio requer uma menor quantidade de defensivos agrícolas, várias pragas podem ser combatidas sem agrotóxicos e a erosão é pequena, já que o solo fica a maior parte do tempo coberto.

O quadro abaixo criado pela Agência Internacional de Energia mostra o comparativo entre a redução de poluentes pelo etanol da cana, da beterraba e do milho.

2° Geração
A diferença entre o Etanol de 1° e 2° geração, é que o segundo pode ser fabricado a partir da celulose presente em qualquer parte da planta, como a folha, a palha e o bagaço.
O lixo orgânico (bagaço e palha) passa por um processo de lavagem e pré-tratamento para que sua superfície fique maior. O próximo passo é aplicar enzimas que quebram a celulose em glicose e a partir desta etapa, o processo para conclusão do etanol é o mesmo do da 1° geração, com aplicação de leveduras para produção do álcool.
As ilustrações abaixo feitas pelo Samuel Rodrigues para uma campanha publicitária da Petrobras, mostram em detalhes as etapas que diferenciam o processo de produção do etanol da 1° e 2° geração.



Desafios a serem superados 

Desde 1° de Maio, a quantidade de etanol na mistura da gasolina aumentou de 20% para 25%. Mas além de suas vantagens e do aumento da sua produção e consumo, é preciso cuidado e calculadora para contabilizar os desafios da 2° geração que não poderão esperar por uma terceira.

Marcos Buckeridge, do CTBE (Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol) explicou no ano de 2011 que a produção de etanol de 2° geração tem fortes concorrentes dentro das próprias usinas. 

O bagaço que sobra do processo para obtenção do etanol de primeira geração pode ser queimado em caldeiras e transformado em energia elétrica.

A eletricidade excedente que não é consumida pelas usinas pode chegar a cerca de 40% e geralmente é vendida para o sistema interligado de distribuição elétrica nacional.

Caberá ao governo no futuro decidir se valerá mais a pena queimar o bagaço e a palha para produzir eletricidade - caso esta esteja com valor de mercado maior, ou se o etanol estiver mais bem pago, o lixo orgânico será então usado para produzir etanol de segunda geração.

Buckeridge destacou ainda que o etanol de segunda geração também deverá concorrer com a chamada química verde, divisão da ciência que estuda compostos do bagaço e da palha da cana que possam ser comercializados e utilizados pela medicina e indústria alimentar.

De todo modo, o investimento no sentido de dominar a tecnologia de produção do etanol de 2° geração é uma alternativa sustentável e muito bem-vinda em detrimento da exploração de fontes energéticas fósseis.

O Planeta agradece!




Fonte:  Petrobras, Cascol Combustíveis, CTBE.

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